Nesta introdução analisaremos os prolegômenos acerca dos Dons Espirituais, sua perspectiva pentecostal e como não podem ser confundidos com outras operações do Espírito Santo na vida do crente, sendo atuais, necessários e úteis para a edificação da Igreja do Senhor Jesus Cristo.


Antes de iniciarmos, este é o ensino introdutório de uma sessão de estudos.

Apresentamos, portanto, o Sumário para acompanhamento, basta clicar e acompanhar os ensinos (ficarão azuis assim que disponibilizados):

  1. Introdução: Dons Espirituais: atualidade, necessidade e utilidade dos dons do Espírito Santo
  2. Dons de Revelação: 1. Discernimento de Espíritos
  3. Dons de Revelação: 2. Palavra do Conhecimento
  4. Dons de Revelação: 3. Palavra da Sabedoria
  5. Dons de Locução: 1. Variedade de Línguas
  6. Dons de Locução: 2. Interpretação das Línguas
  7. Dons de Locução: 3. Profecia – parte I
  8. Dons de Locução: 3. Profecia – parte II
  9. Dons de Poder: 1. Fé Prodigiosa
  10. Dons de Poder: 2. Cura Milagrosa – parte I
  11. Dons de Poder: 2. Cura Milagrosa – parte II
  12. Dons de Poder: 3. Operação de Maravilhas

Perspectiva Pentecostal dos Dons Espirituais

Como nós penteconstais entendemos os Dons Espirituais? Em sua douta obra, o Pr Walter Brunelli nos dá um breve resumo de como entendemos os dons do Espírito na igreja contemporânea:

“Sobre os dons do Espírito, há algumas verdades a serem destacadas: que eles são reais; que devem ser buscados e que devem ser usados com ordem. O ambiente propício para a prática dos dons do Espírito é o culto. Ninguém poderá identificar a espiritualidade de um crente pelos dons espirituais. (…) O fruto do Espírito é que lhe dará condições de agir como crente, e não como ímpio.” (BRUNELLI, Walter. Teologia para pentecostais, Vol. 2, Central Gospel, 2015, pp. 359)

Corte Epistemológico sobre os dons espirituais

Pelo ensinamento bíblico e pela observação da manifestação genuína dos dons do Espírito na igreja da atualidade podemos responder com firmeza de conhecimento a perguntas cruciais par entendermos o tema, com amparo em um verdadeiro compêndio de ensinamentos deixados por pastores eruditos e cheios do Espírito que dedicaram suas vidas ao ensino do tema.

Responderemos, neste texto, portanto, algumas perguntas como: os dons espirituais são habilidades sobrenaturais, possuídas por cristãos selecionados? Quem os tem e por quê? Como os cristãos recebem dons espirituais? Para que servem e o que eles nos mostram sobre o cristianismo e sobre nós mesmos? Estas são apenas algumas das perguntas frequentes que esta introdução aborda sobre os ‘dons do Espírito Santo’.

1. O que é um dom espiritual?

A doutrina que estuda os dons do Espírito Santo é a “pneumatologia”, que ensina a deidade, os atributos, obras e operações. O termo vem de “pneuma” (gr. “o ar”, “o vento”), cognato do verbo “pnéo”, “respirar”, “soprar”, “inspirar”. Significa, na Bíblia, principalmente o espírito humano, que, como o vento, é invisível, imaterial, dinâmico, potente. Mas “pneuma” (hb. Ruach) diz respeito também ao Espírito de Deus, a terceira Pessoa da Trindade.

Como escreveu o saudoso Pr. Antônio Gilberto:

“Para o crente e a igreja, a doutrina do Espírito Santo é altamente prioritária e indispensável, uma vez que o próprio título “Espírito Santo” denota regeneração, recriação, vivificação, dinamismo, espiritualidade (Jo 6.63; 3.6b; Tt 3.5). O mesmo título denota santidade, santificação (“Santo”).

Em seu sentido geral, o termo “dom” tem mais de um emprego. Há os dons naturais, também vindos de Deus na criação, na natureza: a água, a luz, o ar, o fogo, a vida, a saúde, a flora, a fauna, os ali- mentos, etc. Há também os dons por Deus concedidos na esfera humana: os talentos, os dotes, as aptidões, as prendas, as virtudes, as qualidades, as vocações inatas, etc.

O dom espiritual é uma dotação ou concessão especial e sobrenatural pelo Espírito Santo, de capacidade divina sobre o crente, para serviço especial na execução dos propósitos divinos para e através da Igreja. “São como que faculdades da Pessoa divina operando no ser humano” (Horton).

Dons espirituais como aqui estudados não são simplesmente dons humanos aprimorados e abençoados por Deus.

Foi a poderosa e abundante operação dos dons do Espírito que promoveu a expansão da igreja primitiva como se vê no livro de Atos dos Apóstolos e nas Epístolas.

As principais passagens sobre os dons espirituais são sete: I Coríntios 12.1-11,28-31; 13; 14; Romanos 12.6-8; Efésios 4.7-16; Hebreus 2.4; e Pedro 4.10,11.

Além destas referências, há muitos outros textos isolados através da Bíblia sobre o assunto. Porém, em nossos estudos vamos focar no texto mais didático do apóstolo Paulo que está em 1 Coríntios 12.

2. Como buscar Poder do Espírito?

Há algumas coisas que ocorreram no primeiro Pentecostes que trazem à tona as condições da nossa parte para usufruirmos o verdadeiro poder pentecostal em nossos dias:

1) Obediência à vontade do Senhor (Lc 24.49; At 1.12-14). A desobediêcia é um entrave à operação divina em nossa vida (At 5.32).

2) União e unidade entre os crentes (At 1.14; 2.1; Ef 4.3). Imaginemos João, Pedro, Tomé e outros, em conjunto com as mulheres, com as suas diferenças, todos reunidos…

3) Oração perseverante e unânime (At 1.14).

Mas, além de valorizarmos tais condições, que possibilitam o usufruto do poder do Espírito, não podemos ignorar a importância de o conservarmos.

Na Lei havia apagador de fogo (Ex 25.38),

mas na Graça, não (Mt 12.20; I Ts 5.19)!

Nesta última referência, a mensagem para nós é clara: Não apagueis o Espírito” (ARA)

A conservação do poder do Espírito Santo vem pela constante renovação espiritual do crente.

Em Tito 3.5 está escrito que a regeneração é seguida da renovação.

Se não atentarmos para a necessidade da contínua renovação espiritual, corremos o risco de “terminar na carne” (G1 3.3).

3. Os dons do Espírito são para quem é Batizado com o Espírito Santo

Referências: João 7.37-39; Lc 24.49,52; At 1.12-14; 2.1-4.

A promessa no AntigoTestamento. Há várias promessas de Deus, no AntigoTestamento, do derramamento do seu Espírito sobre o seu povo, mas a principal é a que foi proferida pelo profeta Joel, uns oitocentos anos antes do advento de Cristo (J1 2.28-32).

A promessa no Novo  Testamento. João Batista, o arauto de Jesus, foi homem cheio do Espírito Santo. Em todos os quatro Evangelhos ele confirma a promessa divina do batismo (Mt 3.11; Mc 1.8; Lc 3.16; Jo 1.32,33; At 2.16).

Infelizmente muitos crentes não tem recebido o batismo com o Espírito Santo por não entenderem claramente a doutrina do batismo com o Espírito Santo. Algumas concepções erradas são:

1) Pensam que o batismo é o mesmo que salvação. Mas o batismo com o (ou “no”) Espírito Santo não é a salvação. A salvação é uma milagrosa transformação que se efetua na alma e na vida da pessoa que, pela fé, recebe Jesus Cristo como seu Salvador. Sua origem está na graça de Deus (Rm 3.24; T t 2.11). Seu fundamento é o sangue de Jesus Cristo (Rm 3.25; I Jo 2.2). Seu meio de recepção ou apropriação é a nossa fé em Cristo (At 16.31; Ef 2.8). Os discípulos já eram salvos!!!

2) Acreditam que o batismo é a habitação do Espírito no crente. Porém, o batismo não é a habitação interior do Espírito em nós. Na habitação, Ele está dentro; no batismo, Ele enche em plenitude (reveste de Poder). É uma experiência indizível; indescritível; por isso, cada filho de Deus deve usufruir esta experiência!

3) Confundem o batismo com a santificação. No entanto, o batismo com o Espírito Santo não é a santificação do crente. A santificação posicional é, a um só tempo, instantânea e completa, no momento do milagre da nossa regeneração. É a nossa santificação objetiva, “em Cristo” (Hb 10.10). Também não é a santificação subjetiva e progressiva na nossa vida cristã diária neste mundo (Hb 10.14). Aqui diz a Palavra literalmente: “os que estão sendo santificados”, como na Versão ARA.

Portanto, o Batismo com o Espírito Santo é́ um revestimento e derramamento de poder do Alto, com a evidência física inicial de línguas estranhas, conforme o Espírito Santo concede, pela instrumentalidade do Senhor Jesus, para o ingresso do crente numa vida de mais profunda adoração e eficiente serviço para Deus (Lc 24.49; At 1.8; 10.46.1 Co 14.15,26).

Nas palavras do Pr. Antônio Gilberto, há uma diferença entre: Bastismo “com” Espírito Santo e Batismo “do” Espírito Santo.

“o batismo “do” Espírito, como vemos em I Coríntios 12.13, Gálatas 3.27 e Efésios 4.5, trata-se de um batismo figurado, apesar de ser real. Todos aqueles que experimentam o novo nascimento, que é também efetuado pelo Espírito Santo (Jo 3.5), são por Ele imersos, batizados, feitos participantes do corpo místico de Cristo, que é a sua Igreja, no sentido universal (Hb 12.23; I Co I2.I2ss). Nesse sentido, todos os salvos são batizados pelo Espírito Santo. Já quanto ao batismo com o Espírito, conquanto seja para todos os salvos, nem todos são batizados.[…] O batismo é também um meio para a outorga por Deus, dos dons espirituais –”falavam em línguas e profetizavam” (At 19.6)”

4. Princípios dos dons do Espírito Santo

Muitos ignoram as riquezas de viver uma vida revestida dos dons espirituais. Daí o apóstolo Paulo escrever “Acerca dos dons espirituais, não quero irmãos que sejais ignorantes” (I Co 12.1).

A igreja da atualidade precisa mais e mais conhecer, buscar, receber e exercitar a provisão divina imensurável que há nos dons espirituais, para o seu contínuo avanço, edificação, consolidação e vitória contra as hostes infernais, e, ao mesmo tempo, glorificar muito mais a Cristo.

Princípios doutrinários. Pelo menos dois princípios devem ficar bem patentes aqui, concernentes aos dons espirituais:

1) Uma pessoa que recebeu do Senhor dons do Espírito não significa que ela alcançou um estado de perfeição e que é merecedora das bênçãos de Deus. As manifestações e operações do Espírito Santo por meio de um crente jamais devem ser motivo de orgulho, seja ele quem for.

2) Assim como o crente não é salvo pelas obras, mas tão-somente pela graça divina (Ef 2.8;Tt 3.5), assim também os dons do Espírito Santo nos são concedidos pela graça de Deus para que ninguém se engrandeça — “segundo a graça” (Rm 12.6).

5. Classificação dos Dons Espirituais

Vamos agora classificar ou agrupar os dons com o objetivo de entender melhor o assunto.

A classificação é a lista dos dons de manifestação (vs. 7) do Espírito em número de nove, conforme I Coríntios 12.8-10.

Esses dons são formas de capacitação sobrenatural de pessoas, para a “edificação do corpo de Cristo” como um todo, e também para a bem aventurança de seus membros, individualmente (vv.3-5,12,17,26).

Vamos utilizar, didaticamente, a classificação tripartida do Pr. Walter Brunelli.

• Iremos categorizá-los em três ordens em que cada um deles se encaixe: dons de revelação, dons de locução e dons de poder.

• Os dons de revelação são: (1) discernimento de espíritos, (2) palavra de sabedoria e (3) palavra de conhecimento (ciência).

• Os dons de locução são: (1) variedade de línguas, (2) interpretação de línguas e (3) profecia.

• Os dons de poder são: (1) operação de milagres (maravilhas), (2) dons de curar e (3) dom da fé.

O Pr. Walter Brunelli, assim demonstra a divisão tripartida dos dons: