O dom da palavra da sabedoria não é a concessão de entendimentos filosóficos, mas de soluções espirituais para situações difíceis


Leia antes: Dons de Revelação: 2. Palavra do Conhecimento


Introdução

Estamos ainda tratando sobre os dons de revelação (lembremos que se trata de uma categoria didática para melhor aprendermos os nove dons espirituais), nessa categoria já tratamos sobre o dom de discernimento de espíritos e da palavra do conhecimento.

Neste subtema aprenderemos o dom da palavra da sabedoria, que também é um dom de discernimento, ou seja, um dom de revelação direta do Espírito Santo de Deus.

O que é o dom da palavra a sabedoria?

“Aqui é focalizada a habilidade de compreender e de transmitir as coisas mais profundas do Espírito de Deus, de compreender os mistérios cristãos, como também a capacidade de transmitir a outros esse conhecimento (Rm 11.33)” (Champlin, pp. 189)

Também está em foco a aplicação da sabedoria a circunstâncias particulares, em que são resolvidos os problemas difíceis, mediante a aplicação da sabedoria espiritual.

Como escreveu o Pr. Eurico Bérgsten:

“Esse dom proporciona, pela operação do Espírito Santo, uma compreensão (cf. Ef. 3.4) da profundidade da sabedoria de Deus, ensinando a aplicá-la, seja no trabalho seja nas decisões do serviço do Senhor, e a expô-la a outros, de modo a ser bem entendida” (pp. 110)

Neste sentido, Salomão era supremamente possuidor desse dom. O discernimento intuitivo, nos problemas da igreja e dos crentes individuais, está incluso nesse dom da sabedoria.

O discernimento através de meios espirituais está aqui em vista; e esse discernimento pode ter muitas aplicações. É um dom que geralmente também se aproxima e muitas vezes se mistura até certo ponto ao dom da profecia.

“O dom da palavra da sabedoria fala sobre compreensão e transmissão das coisas profundas de Deus. Está envolvida a compreensão de mistérios profundos, e essa compreensão é dada por uma manifestação direta do Espírito de Deus” (Champlin, pp. 192)

Segundo também ensina o Pr. Walter Brunelli:

“A palavra da sabedoria é, geralmente, entendida como uma espécie de “palavra de solução”, que dissipa contendas ou que traz consigo a solução para um grande e complicado problema. É uma espécie de “palavra que faltava”” (pp. 252)

Portanto, este é um dom muito necessário principalmente no ministério pastoral, nas lideranças da igreja, pois é uma ferramenta espiritual para a solução de problemas difíceis que, se mal resolvidos, podem, facilmente, comprometer a direção do trabalho, das vidas e coletivamente o rebanho.

O apóstolo colocou em primeiro lugar na lista de dons aos coríntios

Coríntios era uma cidade grega, ficava na macedônia para onde Paulo foi levado, por revelação, na sua segunda viagem missionária. Ali era frequente a exaltação da sabedoria e do conhecimento humano (filosofia), porém, dentro da igreja, todo o conhecimento humano só gerava corrupção e pecado.

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Ao levar o Evangelho aos coríntios, o apóstolo preferiu não levar apenas a teoria, mas sim expressar por aquilo que eles não conheciam: “o Poder do Espírito Santo” (1 Co 2.4).

A ênfase de Paulo ao poder do Espírito Santo deu muito certo, pois a Igreja seguiu com ele por esse caminho (1 Co 1.7), de modo que nenhum dom os faltava. E Paulo explica o porquê ter dado ênfase ao espiritual: “Para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria dos homens, mas no poder de Deus” (1 Co 2.5).

Contudo, mesmo tendo muitos dons de locução e de poder no meio deles. Faltava-lhes sabedoria para resolver problemas difíceis internos, conforme se observa de trechos espalhados pela primeira carta, onde o apóstolo, por exemplo, precisou reiterar a necessidade da disciplina eclesiástica (1 Co 5).

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Não adiantava, portanto, dizerem-se espirituais e não saber resolver os conflitos e situações internas que existiam na Igreja. Assim, o ponto em que o apóstolo preparou para ensinar-lhes a necessidade do dom da palavra da sabedoria está em 1 Coríntios 2.6,7, uma sabedoria que só pode vir direta do trono de Deus, pelo poder do Espírito Santo.

Aplicações do dom da Palavra da Sabedoria

Sabedoria para a evangelização

Pois a palavra da sabedoria transmite conhecimento da salvação (cf. Lc 1.77) com palavras que o Espírito Santo ensina (1 Co 2.13), e, assim convence a consciência (cf. 2 Co 4.2) para ganhar as almas (cf. Pv 11.30).

Sabedoria na defesa do Evangelho

(cf. Fp 1.16)

Jesus usou esse dom (cf. Mt 22.21,22; 21.23-32); Estêvão também (At 6.10) e vários outros. Deus dá essa sabedoria aos seus servos na hora exata (cf. Lc 21.15; 12.12; Mt 10.16; Sl 119.98; Pv 24.5; Ec 9.16).

Sabedoria no trabalho da Igreja

Com essa sabedoria coloca-se em funcionamento a Igreja (cf. 1 Co 12.28; 1 Rs 3.9; Pv 24; 1 Co 3.10; Rm 12.3,8)

Sabedoria para ajudar a resolver problemas

(cf. 1 Rs 3.16-28; Gn 41.26-39; Dn 2.27-30,46,49; At 6.1-7; 15.11-21)

Pode ser dada coletiva ou particularmente. Ela vem para oferecer um caminho, uma saída, trazer uma resposta ou um conselho. Não se apresenta como uma espécie de zodíaco ou horóscopo, mas como uma fala segura, proveniente do Espírito Santo, que sonda os corações e é sempre inequívoca, pois tem um um fundo tão revelador que pode surpreender.

Isso se observa, por exemplo nos pregadores do evangelho, quando fazem uso da Palavra de Deus, estando cheios do Espírito Santo, transmitem essa palavra trazendo tanta revelação que – com muita frequência – pessoas os procuram ao final do culto para dizer que obtiveram seguramente de Deus a resposta de que precisavam para uma situação particular.

Sabedoria de Deus não é falar difícil

Essa palavra não é rebuscada, carregada de técnica de oratória; não vem enfeitada por um vernáculo exuberante, por estudos bíblicos e ideias que buscam novidades em entrelinhas de textos.

Muitas vezes é trazida numa linguagem simples e gramaticamente defeituosa, mas enche os lábios de um crente iletrado, causando pasmo a quem a ouve.


Leia em seguida: Dons de Locução: 1. Variedade de Línguas